terça-feira, 19 de maio de 2009

Os atos comunicativos marcam uma cultura e, na medida em que evoluem eles a modificam. Foi assim com a evolução da cultura oral para a cultura escrita, que trouxe mudanças importantes para a comunicação, como por exemplo, romper com a necessidade da presença do emissor e do receptor no mesmo lugar e ao mesmo tempo, criando assim possibilidades para a evolução do conhecimento e para a acumulação da informação. O rádio e a televisão ao mesmo tempo em que trouxeram uma maneira mais dinâmica ao veicular a informação, causaram também um retorno à oralidade, pois esses veículos midiáticos sustentam-se basicamente com o uso da palavra oral e da imagem utilizada como um componente capaz de trazer uma maior dinamicidade aos textos alcançando assim, sentidos que os meios midiáticos impressos não conseguem abranger.
A revolução das midias e a popularização da internet abalaram de maneira irreversível o consumo dos veículos de informação dominantes, rádio e TV . Pois mesmo com a tentativa dos antigos meios de se adequarem ao novo sistema, as mudanças, cada vez mais, mostram ser de caráter estrutural. Não foram apenas modificações no meio para a obtenção e transmissão de informação, a internet modificou a forma como lidamos com a informação, trouxe a possibilidade de torná-la mais pessoal, pois esse sistema permite que o usuário selecione aquilo que mais lhe interessa. Rompendo cada vez mais com a chamada massificação da informação, não é mais possível que uma instituição determine aquilo que você possa assistir baseado nos interesses de uma massa, a rede digital permite que o usuário tenha independência suficiente para, baseado em seus próprios interesses e objetivos, escolher a informação que deseja obter e no momento e no local que lhe for mais conveniente. O sistema digital rompe radicalmente e irreversivelmente com a noção de tempo e espaço, e toda forma de comunicação pode ser conduzida a nível global e a cada dia com uma qualidade maior.
Mudanças como essas trazem à tona a necessidade de uma reflexão sobre o futuro das mídias atuantes, já que esses avanços não só possibilitam a escolha da informação como também a sua produção. O momento de constantes evoluções tecnológicas, em que vivemos,permite que qualquer pessoa ligada à rede possa produzir e reproduzir, artigos, filmes, alcançar visibilidade na rede, e formar opiniões que sejam aceitas sem que se faça necessário o trabalho profissional do jornalista. A rede, assim torna-se capaz de oferecer uma maior diversificação de opinião e ,consequentemente, novas fontes para pesquisa. Essa maior democratização da produção e do acesso à informação em rede pode significar o fim do formato antigo do jornal impresso a médio prazo.
Outro fator relevante para analisarmos como causa da ascensão dessa era digital é a noção do hipertexto, que supera a linearidade do antigo texto escrito , permitindo assim, a construção de um texto digital contendo, além da parte escrita sons, imagens e a utilização de links que possibilitam que o texto se aproxime ainda mais do pensamento inicial do autor. Os fatores como intertextualidade, acessibilidade, dinamismo e interatividade, caracterizam o hipertexto e convergem diretamente com a noção da era digital. Já que, a internet pelo meio WWW é um hipertexto por ter sua lógica fundamentada nos links. A maior interatividade e intertextualidade que o hipertexto possui, demonstra o motivo pelo qual a cultura impressa está sendo preterida pelas novas tecnologias, pois além de estática, ela não possui a capacidade de incluir e unificar o conteúdo da maneira prática e acessível que a internet o faz.
A internet estruturou uma comunicação mediada por computadores, rompeu com distâncias, criou verdadeiras comunidades e realidades virtuais permitindo que seus usuários vivenciassem experiências nunca antes imaginadas no âmbito da interatividade. Mas nem todas as mudanças causadas pela disseminação da internet e toda a sua variedade e facilidade de obtenção de informação foram assimiladas pela sociedade. A decadência dos jornais impressos, a quebra de valores como os direitos autorais, e noções como espaço e tempo, ainda não são aceitos como realidade por grande parte da sociedade, mas o fato é que cada vez mais essas previsões e perspectivas tomam forma e provam ser reais e de fácil alcance. O futuro digital está traçado a algumas mudanças a sociedade poderá se adaptar mais facilmente, outras ainda levarão algum tempo, pois dependem de não só de uma compreensão critica,como também econômica, e social.

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